quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ÓRFÃOS DO ELDORADO


 COMENTÁRIOS SOBRE "ÓRFÃOS DO ELDORADO"

1. BIBLIOGRAFIA: Hatoum , Milton. Órfãos do Eldorado/ Milton Hatoum. São Paulo. Ed. Companhia da Letras. 2008. 107 páginas.

2. BIOGRAFIA DO AUTOR: Nascido em Manaus em 1952, Milton Hatoum ensinou literatura na Universidade do Amazonas e na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Estreou em 1989 com Relato de um certo Oriente, seguido de Dois irmãos (2000), ambos ganhadores do premio Jabuti de melhor romance e publicados em oito países. Por Cinzas do Norte (2005) recebeu seu terceiro Jabuti e prêmios Bravo!, APCA e Portugal Telecom de Literatura de 2006.

3. SOBRE A HISTORIA DO LIVRO.  Houve tempo em Manaus ou Manoa, era um eldorado, a cidade prodigiosa que atiçava os sonhos febris dos navegantes e conquistadores europeus ao mesmo tempo que se furtava a todo esforço de localização.essa miragem, que os desejos humanos engendraram e a historia humana não cansou de dissolver, serve de norte a Órfãos do Eldorado, novela da sequência à exploração ficcional do Norte brasileiro empreendida por Milton Hatoum desde Relato de um certo Oriente. Os desejos em jogo são os de Arminto Cordovil, filho de Armando e neto de Edílio, homens que fizeram fortuna a ferro e fogo no meio da floresta; e a historia em que todos se enredam é a crônica de violência, fausto e tragédia na Amazônia entre a Cabanagem e o fim do ciclo da borracha. Na casa elegante em Manaus ou no palacete branco de Vila Bela, Armando nutre fantasia de proprietário e armador, enquanto Arminto teima em não ser o herdeiro perfeito da dinastia. De um lado, as ambições sem medida; de outro, a paixão e a raiva sem nome. Entre umas e outras, a unir e separar pai e filho, uma notável galeria de personagens, que vai de Angelina, a mãe morta, e Dionísio Cão, um barqueiro infernal, a Florita, anjo da guarda moreno, e Estiliano, avatar local de um famoso poeta grego, com direito a uma “ponta” de Mario Andrade em trajes de turista aprendiz. No centro de tudo, Dinaura, corpo estranho entre as órfãs das carmelitas em Vila Bela, moça que parece filha do mato, lê romances, enfeitiça Arminto e sonha com a Cidade Encantada, a Eldorado submersa de que tanto se fala à beira do rio Amazonas. Mas a novela de Hatoum vai bem alem das fontes maravilhosas onde foi beber. A obra de romancista maduro, órfãos de Eldorado ao poucos se descola da lenda, estilhaçada em ecos, boatos e versões, e se aproxima da historia ou, melhor dizendo, das mil e uma historias individuais e coletivas que, estas sim, adquirem em seu traçado total a mesma força fatídica do mito.
            Numa cidade à beira do Rio Amazonas, um passante vem  procurar abrigo `a sombra de um jatobá e, incauto ou curioso, dispõe-se a ouvir um velho com fama de louco. É  o que basta para Arminto Cordovil comerçar a historia de órfãos do Eldorado, num vaivém entre a miragem e a matéria: a historia de seu próprio amor desesperado por Dinaura, em primeiro lugar, mas também, em círculos concêntricos que se expandem e se contraem, a crônica de uma família, de uma região e de toda uma época que, à base da seiva seringueira e credito inglês, quis encarnar os olhos seculares de um Eldorado amazônico. Com as figuras admiráveis de Arminto e Dinaura, Florita e Estiliano, Juvêncio e Denísio Cão, Milton Hantoum concentra numa novela de sonho e pesadelo a vasta matéria romanesca que vem explorando (...).

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