COMENTÁRIOS SOBRE "ÓRFÃOS DO ELDORADO"
1. BIBLIOGRAFIA: Hatoum , Milton. Órfãos do Eldorado/ Milton Hatoum. São Paulo. Ed. Companhia da Letras. 2008. 107 páginas.
2. BIOGRAFIA DO AUTOR: Nascido em Manaus em 1952, Milton Hatoum ensinou literatura na Universidade do Amazonas e na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Estreou em 1989 com Relato de um certo Oriente, seguido de Dois irmãos (2000), ambos ganhadores do premio Jabuti de melhor romance e publicados em oito países. Por Cinzas do Norte (2005) recebeu seu terceiro Jabuti e prêmios Bravo!, APCA e Portugal Telecom de Literatura de 2006.
3. SOBRE A HISTORIA DO LIVRO. Houve tempo em Manaus ou Manoa, era um eldorado, a cidade prodigiosa que atiçava os sonhos febris dos navegantes e conquistadores europeus ao mesmo tempo que se furtava a todo esforço de localização.essa miragem, que os desejos humanos engendraram e a historia humana não cansou de dissolver, serve de norte a Órfãos do Eldorado, novela da sequência à exploração ficcional do Norte brasileiro empreendida por Milton Hatoum desde Relato de um certo Oriente. Os desejos em jogo são os de Arminto Cordovil, filho de Armando e neto de Edílio, homens que fizeram fortuna a ferro e fogo no meio da floresta; e a historia em que todos se enredam é a crônica de violência, fausto e tragédia na Amazônia entre a Cabanagem e o fim do ciclo da borracha. Na casa elegante em Manaus ou no palacete branco de Vila Bela, Armando nutre fantasia de proprietário e armador, enquanto Arminto teima em não ser o herdeiro perfeito da dinastia. De um lado, as ambições sem medida; de outro, a paixão e a raiva sem nome. Entre umas e outras, a unir e separar pai e filho, uma notável galeria de personagens, que vai de Angelina, a mãe morta, e Dionísio Cão, um barqueiro infernal, a Florita, anjo da guarda moreno, e Estiliano, avatar local de um famoso poeta grego, com direito a uma “ponta” de Mario Andrade em trajes de turista aprendiz. No centro de tudo, Dinaura, corpo estranho entre as órfãs das carmelitas em Vila Bela , moça que parece filha do mato, lê romances, enfeitiça Arminto e sonha com a Cidade Encantada, a Eldorado submersa de que tanto se fala à beira do rio Amazonas. Mas a novela de Hatoum vai bem alem das fontes maravilhosas onde foi beber. A obra de romancista maduro, órfãos de Eldorado ao poucos se descola da lenda, estilhaçada em ecos, boatos e versões, e se aproxima da historia ou, melhor dizendo, das mil e uma historias individuais e coletivas que, estas sim, adquirem em seu traçado total a mesma força fatídica do mito.
Numa cidade à beira do Rio Amazonas, um passante vem procurar abrigo `a sombra de um jatobá e, incauto ou curioso, dispõe-se a ouvir um velho com fama de louco. É o que basta para Arminto Cordovil comerçar a historia de órfãos do Eldorado, num vaivém entre a miragem e a matéria: a historia de seu próprio amor desesperado por Dinaura, em primeiro lugar, mas também, em círculos concêntricos que se expandem e se contraem, a crônica de uma família, de uma região e de toda uma época que, à base da seiva seringueira e credito inglês, quis encarnar os olhos seculares de um Eldorado amazônico. Com as figuras admiráveis de Arminto e Dinaura, Florita e Estiliano, Juvêncio e Denísio Cão, Milton Hantoum concentra numa novela de sonho e pesadelo a vasta matéria romanesca que vem explorando (...).
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